segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

"Foram heroínas silenciosas que tomavam nas suas mãos o fio, por vezes ténue, entre a vida e a morte. Tinham por prioridade evacuar feridos e doentes das zonas operacionais e dos aquartelamentos no mato para os hospitais da retaguarda. Feito o curso em Tancos, seguiam-se as aventuras e os testes ao medo e à coragem: da ponte aérea de Goa invadida pelas tropas de Nehru ao lançamento de pára-quedistas na serra da Canda, da desobediência a não penetrar no mato à morte da colega Celeste, vitimada pelo avião de onde a chamaram para uma emergência, dos soldados brancos transformados em negros pelo explosivo das minas ao sobrevoo por engano do Senegal, dos dias de folga em Bissau à evacuação do capitão cubano Pedro Peralta, ferido em combate, e à recuperação do major Miguel Pessoa, abatido por um míssil Strela, e com quem uma delas casou. Também a chegada ao Negage, de saia e blusa, com os combatentes desaustinados: "Há sete meses que não víamos uma mulher, nem branca nem preta." Houve 150 candidatas em nove cursos para enfermeiras pára-quedistas e 46 foram brevetadas".
(ANTUNES, José Freire- A guerra de África. 1961-1974. Vol. II. Lisboa: Círculo de Leitores, 1995, p. 663).

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